Como cientista que pretendo ser, fará parte das minhas obrigações participar em conferências, seminários e workshops, de forma a divulgar o meu trabalho à restante comunidade científica e quem sabe, por vezes, mesmo ao público geral.
Na preparação de uma comunicação, passam-se horas em arranjos e arranjinhos, para ter um conjunto de slides que resumam satisfatoriamente o assunto a tratar. Nenhuma apresentação está concluída, sem que todos os tipos de letra estejam em harmonia, ou sem que as cores sejam as mais agradáveis aos olhos de quem talvez nem olhe para o ecrã projectado.
Um discurso coerente será preparado, treinado e optimizado para encaixar em 10 minutos de fama. São 10 minutos em que não podem faltar os agradecimentos obrigatórios à comissão por nos querer ouvir, em que temos de expor o nosso problema, os meios que utilizámos para o ultrapassar e por fim revelar o resultado de meses de trabalho e de conclusões.
Durante os 10 minutos em que falamos e passamos slides, apontando ocasionalmente o laser para o ecrã, os nossos olhos deambulam pela sala intimidade, recheada de pessoas com expressões bem marcadas. Aquele grupo está claramente perdido desde o inicio da sessão e não está a perceber nada. Aquele acolá não está interessado, menos mal. Este aqui mais perto está bastante concentrado e com cara de quem concorda, óptimo...
No final, uma salva de palmas (recompensante, atrevo-me a dizer,) assinala o fim de um enorme esforço. Surge uma sensação de dever cumprido e de prova superada. Um triunfo que não me dá uma medalha mas que me enche de sorrisos, por ter mostrado a mim mesmo que era capaz.
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