quinta-feira, outubro 08, 2009

A quinzena da macacada

Confesso que sou um adepto de músicas nas ruas. Não costumamos ter ruas equipadas com sistemas de sons em ocasiões "normais" e apenas tenho o prazer de me deliciar com este feito em épocas festivas, quando um mendigo decide pedinchar no meu caminho ou quando saio de casa com os fones nos ouvidos. Repare-se porém que sair com os fones não concretiza realmente esta vontade de ouvir músicas nas ruas, pois apresenta-se como uma audição solitária.

Surge porém outra altura em que somos presenteados com músicas pelas ruas. Este ano estamos a passar por uma dessas fases e até somos convidados (leia-se obrigados) a assistir a autênticos rituais de dança (não sincronizada nem ao mesmo ritmo que a música), em autocarros estacionados em frente a locais de grande afluência popular e geralmente em horas de ponta.

Deixem-me esclarecer desde já que não acredito em campanha eleitoral da treta! Não me sinto minimamente influenciado por lixo visual como os grandes cartazes com frases de nada como "A hora da verdade" ao lado de um rosto com mais maquilhagem que um estojo de pintura. De facto não sei se esta frase está presente em algum cartaz, se o está, que fique também claro que não tenho nenhuma intenção contra nenhum partido político em particular. Apenas com todos eles.
A juntar aos cartazes, relembro o inicio deste post. Autocarro com pessoas aos pulos as 7 horas da manha enquanto toca uma música cujo refrão é bastante conhecido ("Muda de vida se não vives satisfeito") é, na minha inútil opinião, a coisa mais patética de uma campanha eleitoral. Não só pela imagem ridícula que passa, como principalmente e neste caso pela mensagem que deixam passar. Neste caso em concreto o partido politico (e parece-me irrelevante definir qual), pretende obter maioria num conselho onde não o é há tantos anos quanto aqueles que eu tenho consciência do mundo que me rodeia. A letra parece-se ajustar às intenções, mas vá lá... "se não vives(se-mos) satisfeito(s)" já teríamos mudado há algum tempo. Claro que o partido em causa poderá pensar que nós deixámos de viver satisfeitos desde as últimas eleições e, como tal e seguindo a sua "obrigação", lembra-nos que podemos mudar de voto. Resumindo: pela parte que me toca, obrigado pelo atestado de estupidez (ou não)...

Ora são os jornais criados para o efeito, os panfletos, as festas associadas a comícios, os fingimentos, os apertos de mão a pessoas comuns, mas reparem que são dados como se de velhos amigos se tratassem (talvez ja se tenham cumprimentado nas eleições anteriores, quem sabe?). É um sem número de coisas banais, que todos fazem, ano após ano, eleição após eleição. Pára o país para a campanha! Deixemos de lado as decisões, as discussões de assembleias, a evolução e alimentemos a campanha que terminará com o mesmo efeito de sempre, seja qual for o resultado da votação.
Fiz-me lembrar uma outra música... "Agora sim, temos a força toda (...) Agora não que eu acho que não posso (...)".

Acreditarei na politica e aceitarei panfletos, quando o nosso país estiver acima do vencedor de um Domingo de votos. Venha de lá a força toda que se lixem os "achos que não posso", de uma vez por todas!