quarta-feira, dezembro 28, 2011

2011 - Fim do ciclo

Fui num abrir e fechar de olhos, como se tivesse sido engolido por um portal temporal, que este ano passou, ou melhor, esta a passar, dado que, apesar de só já restarem umas migalhas, ainda estamos em 2011. Lembro-me de ter feito, há cerca de um ano, uma lista de desejos, ilimitada para cumprir ao longo do ano. Não eram apenas 12, mas sim um conjunto de ideias que eu não queria esquecer (mas esqueci). Lembro-me apenas de desejar procurar 4 caches por mês, o que me dariam 48 neste ano... desejo falhado!

Ainda assim, este ano foi bastante positivo e o melhor é que muitos dos projectos foram adiados e bem adiados, o que faz de 2012 um ano promissoramente cheio de sorrisos.

Mas 2011 tem de ficar marcado na minha história pessoal. O ano que se opõe a 2005, em que entrei na vida universitária e a 1993 (se as contas não me falham), em que me tornei estudante. Há 19 anos atrás, entrava na via da educação como criança, e hoje deixo essa mesma vida como mestre, cheio de conhecimentos segmentados, com diversas lacunas, típicas e aceitáveis, na minha opinião, dada a complexidade do mundo que nos rodeia.

Não é o fim do ciclo que marca este ano, mas é certamente o mais relevante o que mais vai determinar os amanhas que vêm a partir de amanha...

sexta-feira, dezembro 09, 2011

You know you´re a biologist when ...

Apenas aquelas que me parecem as melhores.
Texto retirado do Blog DNA Lab

You open the toothpaste with one hand.
You wash your hands before and after using to the washroom.
You flinch when you hear the word "significant".
You're very good at diluting things.
You're also very good at transferring small amounts of liquid between containers.
You are fed up of people saying alcohol, when they mean ethanol.
You hear the word ‘Molar’ and teeth are the last thing on your mind.
You say “conjugation” instead of “sex”, and "pili" sounds dirty.
No-one in your family has any idea what you do.
A falcon is not a bird....
You own invitrogen t-shirts and actually wear them. (esta ainda não tenho)
You think that drosophila geneticists have a good sense of humour.
You refer to your children as the F1 (Lindo!).
You've played Battleship using tip boxes.
You think the following is a quality insult: "I've seen cells more competent than you!".

terça-feira, dezembro 06, 2011

Citações

Decidi, ao ler mais uma interessante citação de um grande cientista, abrir uma nova página dedicada a guardar grandes frases ditas por grandes pessoas.

Assim tenho um sitio para onde olhar quando procurar algo mesmo inteligente.

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Não!

Nem toda a gente pode dizer que não! Apenas quem ganhou a possibilidade para isso, aquelas pessoas que têm tantos conhecimentos sobre o assunto, que estão dispostas a recusar a ideia e a debate-la fazendo levar a todos portos que queiram receber o novo carregamento de ideias.

Pronto, era só isto! :)

terça-feira, novembro 22, 2011

Uma história vaga

Não consigo ao certo contextualizar o acontecimento, mas sei que foi perto de Dezembro de 2001.

Numa cómoda cujo paradeiro já desconheço, aguardava uma aparelhagem que já quase não é ligada, que um CD fosse depositado em cima do tabuleiro próprio para CDs. Enquanto o tabuleiro recolhia, os olhos percorriam a lista de músicas à procura da música a ser tocada, ao mesmo tempo que a operadora chamava pelo pai. Ao pai, com o seu bigode de Astérix, foi perguntado se era possível ficar-se indiferente àquela música.

Na verdade é impossível não melhorar o astral quando se ouve a Aljubarrota dos Quinta do Bill.

Sou de um tempo em que depois de jantar, atravessávamos o rio, rumo a cascais só para se fazer serão na companhia de outra família. Sou de um tempo, em que, apenas porque sim, a família se reunia toda e que eu ficava muito triste sempre que chegava a hora de voltar para casa. Sou de um tempo em que corria escadas acima para ouvir histórias infantis, sentado no chão, com toda a atenção que me era possível.

Infelizmente, sou ainda do tempo em que uma voz muda chamou por quem a imaginou ouvir, fazendo com que tudo desse, aos poucos, porque as mudanças querem-se calmas, uma volta abismal. Dois anos são suficientes para muitas mudanças e para que se percam hábitos antigos. Triste é olhar para trás e recordar-me de momentos que ao olhar para o presente sei que nunca os voltarei a viver no futuro. Não só porque a criança que ouvia a história cresceu, mas porque ao subir as escadas já lá não está ninguém para a contar, e se estiver, não estará da mesma forma que estava antes.

A distância é tão grande como esticar o braço e chegar ao telemóvel que aguarda o meu toque em cima duma mesa, mas a inércia tem a distância de um continente.

(Suspiro) como o crescimento e a mudança doem...

sexta-feira, novembro 18, 2011

Músicas sem sentido - Página em Branco de Jorge Palma

Há músicas que tocam no rádio e as quais até me podem ficar no ouvido, mas quando se ve a letra, percebe-se que aquilo não passa da uma coisa sem pés nem cabeça.

Um bom exemplo é a música Página em Branco de Jorge Palma, que anda agora a tocar nas rádios. Nesta música, o compositor fala do seu drama em escrever, porque por mais que tente, nada lhe vem à cabeça, um drama que na minha opinião já foi contado e recontado mais vezes que as necessárias. Ainda assim, reparem em certos excertos da música...

Tenho uma página em branco e uma guitarra na mão
ando nisto há quatro dias e não me sai a canção
os cinzeiros já não chegam tenho que os despejar
pensei que um copo de vinho pudesse vir a ajudar


Sempre detestei rimas forçadas, e aquela história de despejar os cinzeiros apenas está ali para rimar com o ajudar do copo de vinho. Despejar ou não os cinzeiros, nada tem a ver com o tema da música... que o homem os tenha enchido, até percebo, mas escusava de nos dar a sua lista de "a fazeres"... apenas o faz para rimar. O mesmo, na rima em baixo, em relação ao crocodilo:

mas só fico atordoado sinto o vapor a subir
imagino um crocodilo estupidamente a sorrir


... um crocodilo estupidamente a sorrir?... Sem comentários!

(...)
neste grande espaço em branco só te quero dizer
nannanan
gosto de ti


Nannanan, gosto de ti?!?! A sério?!?! Mas ele está a falar com um bebé? A passagem do drama da escrita para a declaração romântica é tão drástica que isto só pode mesmo ser o resultado de um grande vazio intelectual. Se o autor deste tema se decide falar do seu drama na escrita, porque raio há-de passar isso para o plano sentimental... Ok ok, ele pode falar do drama de escrever letras românticas, mas então que enriqueça um pouco melhor o texto, porque isto é caótico!

tenho uma página em branco e sinto a barba a crescer
há tanta coisa a tratar há tanta coisa a aprender


Um ponto favorável... A barba a crescer dando a ideia de tempo a passar e ainda nada escrito naquela fatídica página em branco, mas logo depois o que é que há a aprender? Sim, eu sei que nunca alguém saberá tudo, mas neste caso em concreto o que é que há a aprender? A resposta é simples, aquele aprender foi ali colocado para rimar com o crescer, portanto este músico terá de aprender a escrever letras, não?

Acho que neste caso, tínhamos ficado melhor com a página em branco...



Ps: A música foi copiada integralmente de um site de letras de música. Optei por não lhe colocar a pontuação em falta.

terça-feira, novembro 15, 2011

Senhor, não será melhor…?

Cada vez mais, a tecnologia vai tomando conta de nós, de uma forma tão peculiar que nem nos apercebemos de que estamos rodeados dela. As opiniões, como sempre e porque há gregos e troianos em qualquer assunto, dividem-se. Uns dizem que é bem-vinda e que nos ajuda, outros afirmam que nos estupidifica.

Sou do tempo em que não havia Internet, pelo menos, sou do tempo em que as pessoas comuns não tinham acesso a ela. Na primeira vez que naveguei na Internet, fui barrado de entrar no portal do SAPO porque em vez de http://www, escrevi apenas www. Foi um erro de iniciante, que actualmente já não é cometido. Qualquer browser sabe agora reconhecer estes erros e corrigi-los. Hoje, para entrar no portal do SAPO, não ponho http, não ponho www, nem sequer digo que é .pt: simplesmente escrevo sapo na barra de endereços e o meu navegador, navega (claro está) de forma quase inteligente neste mundo mágico para me transportar ao meu destino.

O mundo dos facilitismos não acaba aqui. Se o gigante Google antes me perguntava se eu não estava errado, agora assume que eu estou errado. Para pesquisar aquilo que quero pesquisar, tenho de lhe dizer, não amigo, não me enganei e era mesmo aquilo que eu queria procurar. Ele agora toma a iniciativa de alterar a minha pesquisa para me dar aquilo que ele “pensa” que eu quero. Pior do que ter um computador a assumir a minha vontade, é te-lo a adivinhar o que pretendo. Ao pesquisar no Google, ainda mal escrevemos uma letra e já ele adivinha a palavra. Com aquela palavra escrita, sugere frases completas. Pior ainda, está o iPhone, que opta constantemente por alterar as palavras escritas sempre que pressionamos a barra de espaços.

A ficção científica explorou por muitos anos a ideia de máquinas a controlar a humanidade. Não num extremismo tão elevado como aquele que é transmitido nos filmes, mas a verdade é que isto já se sente. A minha liberdade está a ser limitada por um motor de buscas ou um aparelho que decide, ou "pensa" que decide, o que eu quero ou não fazer, idealizando quais são as melhores páginas para mim, pondo para trás tudo o que lhe parece desnecessário. Acedo talvez, mais facilmente a informação relevante, mas primeiro tenho de convencer o computador que me deixe procurar o que efectivamente eu quero.

A sociedade não se pode reger por um facilitismo absoluto e incondicional, em que numa letra, o trabalho está feito. Como dizem os Quadrilha, que não haja mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, para que possamos viver e continuar a aprender, pois apenas com esforço é que se aprende.

segunda-feira, novembro 14, 2011

Haja patriotismo!

Quando passei a ir diariamente para Lisboa, já lá vão alguns anos, sentia que tinha tudo acessível e, para cada necessidade minha, tinha uma loja próxima onde a podia satisfazer. Para além de toda esta acessibilidade, foi notório que mesmo as mais pequenas coisas estavam bastante longe, no que toca à acessibilidade financeira. Os 40 minutos que separam Lisboa de minha casa, foram suficientes para que eu sentisse que o custo de vida era mais elevado. Não demorou muito tempo para que eu percebesse que um simples beber água podia ser mais difícil do que seria de imaginar à primeira vista. Andei durante bastante tempo com garrafas de plástico atrás, porém, facilmente me esquecia delas em casa.

Recentemente, surgiu no nosso mercado uma gama de garrafas para água da marca SIGG. Por trocarem o plástico pelo metal, mantêm facilmente a água em condições de serem consumidas, pelo que este problema foi prontamente ultrapassado, até porque adoptei a minha SIGG como a minha garrafa e passei a andar sempre com ela. Para além de resolverem problemas de pessoas como eu, a SIGG fascina-me pelo seu patriotismo. Em todas as garrafas, ve-se escrito, numa das faces o logótipo da empresa, enquanto na face oposta, é bem visível a expressão Swiss made (fabricado na suíça). Não se trata de um simples made in (que se encontra no rótulo, em baixo), mas sim de algo mais. Um orgulho em dizer que este produto de qualidade foi fabricado naquele país.

Olhando para nós, povo português, não podia constatar uma realidade mais diferente daquela que me chega do povo suíço. Actualmente, com uma crise financeira instalada, chovem dos média, campanhas de sensibilização para que as pessoas comprem produtos nacionais. Frases como “o que é nacional é bom”, são ouvidas, lidas e ditas, desde que me lembro de ser eu e muita gente há que diz a quem o queira ouvir que só confia em produtos nacionais. Lamentavelmente, isto não é o reflexo da nossa realidade, e a prova são as importações cada vez maiores.

Tenho plena confiança naquilo que é do meu pais, o mesmo país que há séculos navegava por mares desconhecidos, enfrentando perigos para descobrir mais desta esfera habitável. Muitos se queixam que perdemos a força, outros que não podemos viver agarrados àquilo que fomos e eu sou levado a concordar com ambas as ideias. Todavia, a forma como encaramos o presente depende apenas de nós mesmos, e enquanto nós não reconhecermos a nossa própria força, não conseguiremos ir mais além. Nós somos os melhores, só falta acreditarmos nisto e deixarmos a sombra da bananeira! O Quinto Império é tão possível hoje, como era quando foi idealizado, só falta mesmo acreditar…

domingo, novembro 13, 2011

Mudança - Parte I: A percepção



Vivo numa era de mudança. Há 17 anos que me mantenho numa rotina muito específica. Pela primeira vez estou a deixar de ser estudante. Procuro por ofertas de emprego, das quais poucas são realmente interessantes. Dou por mim com esperanças de ser chamado a uma entrevista de um emprego que não quero. Saio das entrevistas desmotivado, não por a entrevista ter corrido mal, mas porque eu não quero aquilo. Vivo agoniado e sempre a pensar nos “ses” de cada escolha que aparece à frente.

Pela primeira vez encaro uma nova realidade, cheia de incertezas. Nenhuma possibilidade me parece suficientemente boa e sinto que tenho de as aceitar, queira ou não queira. A ver vamos onde este estado me leva!

sábado, novembro 12, 2011

Excesso de zelo...

A Microsoft sempre tentou tratar com paninhos quentes os seus clientes. Esta empresa produz aquele que será à partida o sistema operativo mais simples de utilizar e o mais conhecido, o Windows. Desde sempre que o Windows trata o utilizador como se ele nunca soubesse o que está a fazer, talvez um pouco para não alarmar aqueles que o usa.

Uma das grandes vantagens do Windows, é a instalação de programas. Qualquer criança sabe que basta abrir o ficheiro de instalação e premir o botão de continuar, avançar ou confirmar, até que o programa esteja operacional. Caso no final do processo o programa não abra, bastará reiniciar o computador e num ápice, a magia aconteceu.

Porém, nem tudo é assim tão fácil e já nem isto é propriamente uma verdade. Se antes o Windows já era chato para coisas simples como apagar documentos («Tem a certeza? Mas tem mesmo a certeza? Olhe que será definitivo! Se calhar é melhor enviar só para a reciclagem e depois pensa melhor... Mas é mesmo para apagar a reciclagem? Pense lá duas vezes...»), agora até para instalar documentos o raio do sistema pensa que sabe mais do que eu.

Se eu abro um ficheiro de instalação, numa sessão com permissões de administrador, porque raio o aparelho me tem de perguntar se eu tenho a certeza que quero o ficheiro a correr? «Não, afinal não quero, era só para ver se estavas atento».

quarta-feira, outubro 26, 2011

Serro do Cote

A origem fascina-me. Apesar de não ser linguista, acho curioso conhecer a origem das palavras. Apesar de não ser engenheiro, tenho interesse em saber o que está por trás de uma invenção. Apesar de não trabalhar em Biologia do Desenvolvimento, a teoria da origem das espécies (e de tudo o resto) é, nada menos do que interessante.

Para além de tudo isto, sempre achei incrível como é que surge uma lenda. Não sou católico, e por exemplo, tenho muita curiosidade em como se conseguiu convencer alguém da história, por exemplo de Maria. Será como chegar à casa do vizinho do lado, que mora aqui desde que o prédio foi construído e dizer-lhe que a casa dele antes era habitada por espíritos, sendo que ele sabe muito bem que assim não o era. Não deixa porém de acontecer, essa estranha criação de lendas e mitos, convencendo absolutamente a outra pessoa, de uma dado que sabe que não terá sido bem assim...

Há porém, uma lenda que quero contar aqui, hoje, para a marcar na história...

Perto da vila de Ourique, do Alentejo, e ainda bem próximo de um monte ainda habitado, existe um serro conhecido como o Serro do Cote. Saindo do Monte do Cruzes em direcção ao Serro do Cote, passamos pela capoeira das galinhas, vazia, pois as suas hospedes passeiam-se livremente sem se afastarem do abrigo do monte. O trilho que seguimos passa pela antiga horta, onde os morangos esperavam para serem saboreados pelas crianças que outrora faziam a caminhada. Após o barranco, sobe-se um pequeno monte que mal faz acelerar a respiração. Do cimo deste pequeno monte, vislumbra-se o inicio desta lenda. O poço, de onde há imensos anos eu próprio tirei água para matar a sede a porcos, marca o início da subida. Ao olhar para cima não conseguimos ver ao certo o quão alto é o Serro do Cote, mas, o guia do percurso pede aqui para que todos paremos um momento. Há uma comunicação a fazer! A todos aqueles que se vão aventurar na subida pela primeira vez, há uma mensagem vital a passar, atrevo-me a dizer que é um caso de vida ou de morte! A todos aqueles que já conhecem esta história, não é de mais lembra-la...

Era uma vez, um rapaz chamado Cote, que habitava na aldeia ali perto, há imenso tempo atrás. Nessa altura, nem o Serro do Cote, nem o Monte das Cruzes tinham esses nomes, aliás, o Monte das Cruzes ainda nem deveria existir. O Cote era rapaz como qualquer outro, com o seu espírito de aventura bem marcado, mas uma pessoa simpática e sempre pronto a ajudar os outros, mesmo os seus piores inimigos. Com o seu espírito de curiosidade a chamar por si, Cote decidiu subir ao Serro mais alto dos arredores... Depois de parar no poço para guardar para si alguma água, Cote, decidiu começar a subida do serro, abrindo caminho por entre as silvas altas e os cardos afiados. A meio da subida, uma voz doce e suave, muito parecida a vento a soprar, chamou... «Cote... Cote...». O rapaz parou e pôs-se à escuta. Não fora seguido até ali e ninguém habitava naqueles lados, portanto, a tímida voz só podia ser algo da sua cabeça, ou quem sabe, o efeito do vento a soprar num dos sobreiros que preenchem a encosta. Mal retomou a subida, a voz fez-se ouvir de novo, num tom mais intenso e um tanto ou nada aflitivo... «Cote, ajuda-me Cote...». Novamente parado a meio da encosta, Cote esfregou os olhos e olhou à sua volta. Não via ninguém. Ainda não totalmente convencido, Cote retoma, uma vez mais a subida do serro. Agora, como se viesse de um túnel, a voz voltou-se a ouvir... «Cote, por favor vem ajudar-me Cote, imploro-te...». Agora, o rapaz da aldeia não teve dúvidas que havia mesmo ali alguém. O som da água era bem audível e, como prestável que é, Cote desceu a metade da colina que já tinha subido a correr como se tal gesto não consumisse forças, para salvar a rapariga que se estava a afogar no poço. Ao espreitar para dentro deste, Cote não viu ninguém, mas nos seus ouvidos, o seu nome ia sendo sussurrado, cada vez com menos força... Quando o som estava quase inaudível, Cote seguiu o seu instinto enfeitiçado e atirou-se para dentro do poço de onde nunca mais saiu, acabando por morrer numa tentativa de salvar uma voz apaixonante que chamou por ele.

Hoje, desde esse dia e para toda a eternidade, ninguém estará autorizado a subir ao Serro que recebeu o nome do rapaz, enquanto olha para trás. O que quer que aconteça na subida poderá fazer-nos parar, mas nunca olhar para trás. A vista do Serro do Cote apenas deve ser vista a partir do topo do Serro do Cote. E lá em cima, quando se ouve o vento, há mesmo quem ainda o oiça a chamar pelo Cote...

Resta dizer que esta história é ficcional: não há nenhum verdadeiro registo da existência de um rapaz com o nome de Cote, nem de qualquer afogamento no poço em causa, mas a lei é para cumprir: Que o Serro do Cote se suba sempre sem que se olhe para trás...

terça-feira, outubro 25, 2011

E faça-se algo...

Todas as noites... para ser sincero não são noites portanto, recomecemos,

Todas as madrugadas, após desligar a televisão e antes de me enfiar na cama, despeço-me do mundo, em termos de boas noites, dando uma ultima olhadela à Internet. Apercebo-me que, nestes meus primeiros dias de desempregado, nada de especial, ou pelo menos nada de novo, acontece. A televisão critica hoje as mesmas pessoas que criticava ontem, a rádio toca musicas do ano passado, ou tão similares que passam despercebidas e na Internet só se vêm mensagens de luta à crise, ou convites para o Sims Social.

Acabo portanto, o dia cansado, não de ter feito alguma coisa realmente produtiva, mas cansado de um dia em que cada segundo foi igual ao segundo anterior...

Numa tentativa de fugir a esta visão imutável, parti em busca de outros bloggers que possam ter algo de interessante a dizer, ou escrever. Numa busca rápida pelo Google, esse bichinho que sabe sempre quase tudo, encontrei pelo menos 2 blogues que me pareceram potencialmente interessantes. Assim, fico a aguardar que o dia de amanha seja iluminado por algo mais animado que um qualquer uma das coisas que me apareceu olho diante dos olhos...

segunda-feira, outubro 24, 2011

Privação da essência humana

Acabei de assistir a dois documentários sobre prisões, ambos do National Geographic.

No primeiro (Prisões da Oceânia), falava-se da vida de uma prisão australiana de alta segurança. O documentário confirmou as minhas suspeitas desde há muito: uma prisão é um sítio terrível onde viver. Sempre achei que se algum dia eu fosse preso, por qualquer razão, o pior problema não seria estar condicionado a um recinto fechado, mas sim coabitar com outros reclusos...

O segundo documentário, inserido na série Bastidores, ia mais a fundo e retratava uma prisão de celas solitárias. Neste caso, entrámos dentro de uma prisão nos Estados Unidos e vimos a decadência a que chegam pessoas que estão anos (ou décadas, em alguns casos) afastadas de outro ser humano. Não podem falar, não podem ver, não podem ler... tudo o que se relaciona com outro ser humano é-lhes pura e simplesmente retirado.

Enquanto que no primeiro caso, um ex-recluso tinha 25% de probabilidade de voltar à cadeia, no segundo essa possibilidade subia para 67%! Confesso que não me espantei pelas percentagens e se me tivesse espantado seria apenas e somente por serem tão reduzidas. Como é possível acreditar que uma pessoa pode tonar-se mais pacifica ao fim de 25 anos de total isolamento?

Fez-me imensa confusão ver algo tão humano privado por uma pessoa mostrar um comportamento que outros consideraram errado. A socialização (ou neste caso, a falta dela) é demasiado grave. Como animais sociais que somos, não faz sentido forçar um isolamento total para garantir correcção.

Aceito, claro, que pessoas potencialmente perigosas para a sociedade sejam vigiadas, presas, ou afastadas de qualquer forma, mas isso não requer um isolamento total e absoluto! Somos animais sociais e se não vivermos em sociedades, não poderemos treinar os nossos comportamentos.

Sinto a despoletar em mim algum respeito para com estas pessoas... este não é, de forma alguma, um castigo fácil...

domingo, outubro 23, 2011

10 minutos

Como cientista que pretendo ser, fará parte das minhas obrigações participar em conferências, seminários e workshops, de forma a divulgar o meu trabalho à restante comunidade científica e quem sabe, por vezes, mesmo ao público geral.

Na preparação de uma comunicação, passam-se horas em arranjos e arranjinhos, para ter um conjunto de slides que resumam satisfatoriamente o assunto a tratar. Nenhuma apresentação está concluída, sem que todos os tipos de letra estejam em harmonia, ou sem que as cores sejam as mais agradáveis aos olhos de quem talvez nem olhe para o ecrã projectado.

Um discurso coerente será preparado, treinado e optimizado para encaixar em 10 minutos de fama. São 10 minutos em que não podem faltar os agradecimentos obrigatórios à comissão por nos querer ouvir, em que temos de expor o nosso problema, os meios que utilizámos para o ultrapassar e por fim revelar o resultado de meses de trabalho e de conclusões.

Durante os 10 minutos em que falamos e passamos slides, apontando ocasionalmente o laser para o ecrã, os nossos olhos deambulam pela sala intimidade, recheada de pessoas com expressões bem marcadas. Aquele grupo está claramente perdido desde o inicio da sessão e não está a perceber nada. Aquele acolá não está interessado, menos mal. Este aqui mais perto está bastante concentrado e com cara de quem concorda, óptimo...

No final, uma salva de palmas (recompensante, atrevo-me a dizer,) assinala o fim de um enorme esforço. Surge uma sensação de dever cumprido e de prova superada. Um triunfo que não me dá uma medalha mas que me enche de sorrisos, por ter mostrado a mim mesmo que era capaz.

segunda-feira, outubro 10, 2011

Uma viagem ao som da música

Com a entrega da dissertação de mestrado, enquanto aguardo por notícias dos empregos aos quais concorro, e antes que seja marcada a defesa da dissertação, ocupo o meu tempo com o descanso. Recupero a minha veia de leitor, redescubro jogos que jogava outrora, oiço podcasts sobre meditação e repouso horas a fio num sofá em frete de uma televisão.

Enquanto não posso elevar um campo de cereais para o nível três, porque os recursos só estão disponíveis dentro de nove minutos, e quanto o castelo me indica que a serração ou a mina de ferro necessitam da pedra que ainda está para ser recolhida, abro a minha pasta de música e eis que vejo listadas as musicas do novo CD de Sérgio Godinho (Mútuo Consentimento), musicas estas que adquiri e nunca as tinha ouvido...

Rapidamente me lembro de como era há alguns anos atrás. De como era perfeita a ideia de sair no carro, com o meu irmão, rumo a Montemor-o-Novo, para explorar a vista daquele castelo, ao som deste artista. Lembro-me de como adorava sentar-me (mesmo que fosse no chão) ao som de Sérgio Godinho e a ler, se a memória não me falha, um livro da saga Adrian Mole.

Encanta-me a velocidade com que nos esquecemos de quem fomos, mas mais ainda, da capacidade de pequenas coisas nos fazerem viajar para o passado de nós mesmos...

Sérgio Godinho faz-me sorrir esta noite ;)

quarta-feira, setembro 21, 2011

Hm... afinal não...

Hoje fui "despedido" do meu primeiro emprego, para o qual ainda não tinha sido contratado... Uau...

Faz-me lembrar esta música:

domingo, setembro 11, 2011

Sair da esfera

Com a data limite para entrega da dissertação de mestrado a surgir no calendário, o tempo grita desesperadamente que tenho de me apressar. Entre leituras de artigos, livros e mais umas tantas publicações científicas, sinto-me bastante cansado, com uma enorme vontade de me recostar aqui na cadeira e deixar a mente parar de pensar.

Já de madrugada, quando me deito, permito-me sair da literatura científica. Pug, o pequeno mago aprendiz, entretém-me alguns minutos, até que algo me arranque do mundo mágico dos Tsurani e me lembre que são horas para ir dormir. Fiquei muito espantado, esta última madrugada, quando me percebi que enquanto lia este livro, toda a esfera envolvente da tese de dissipou, como se o tempo tivesse esticado e todas as preocupações já resolvidas.

terça-feira, setembro 06, 2011

Reclamação à Saída de Emergência

Boa noite,

Adquiri, a alguns minutos atrás, o livro «O Mago: Mestre», de Raymond E. Fiest, na loja Continente Montijo. O livro em causa fazia parte de uma promoção de verão da distribuidora de livros Bertrand. Para publicitar a promoção, foi colado na capa da frente do livro um autocolante de 7x7cm que, ao ser removido (dado que não faz parte da obra), levou consigo parte do brilho da capa.

Como consumidor, considero extremamente desagradável pagar para adquirir um produto, ser obrigado a receber a publicidade que acompanha esse produto e, a ainda por mais, ficar com o produto danificado.

Devo ainda salientar, que este livro se encontra esgotado em diversas livrarias (como por exemplo a Fnac ou a Bertrand), e que era o último exemplar à venda no hipermercado Continente, pelo que as opções dividiam-se entre não adquirir a obra ou adquiri-la com o autocolante.

Espero que em campanhas futuras, a Saída de Emergência tenha o bom sendo de não colar, nem autorizar que sejam colados, autocolantes nas capas dos livros, muito menos na capa frontal do mesmo. Para efeitos de publicidade podem sempre ser colocadas faixas à volta dos livros, como sempre se fez e não levam à degradação do livro.

Sinto-me realmente descontente com esta situação!

Com os melhores cumprimentos,
[assinatura]




Editado para incluir a resposta (que demorou menos de 24 horas)

Viva,

Obrigado pelo seu contacto.

Trata-se de uma campanha da responsabilidade da nossa distribuidora, à qual somos alheios – inclusive a qualidade do respectivo autocolante.
Já tivemos más experiências no passado com autocolantes nas capas dos livros e, pode ter a certeza, de que quando o fazemos, nos certificamos que os autocolantes saem facilmente sem deixar resíduos e sem danificar as capas dos livros.

Resta-nos apresentar as nossas desculpas pelo sucedido e informar que já apresentámos uma reclamação veemente à distribuidora, pelos danos causados aos livros e consequentemente aos nossos leitores.

Atentamente,

[assinatura]

domingo, setembro 04, 2011

Sete colinas, sete encantos e uma cidade

Sei de uma cidade de recantos, encantos, paixões e acima de tudo, vidas. São várias as músicas que fazem tributo à histórica cidade de Lisboa, várias as crónicas e várias todas as restantes fotografias da mágica cidade das 7 colinas.

A minha cidade tem mil e um encantos e mil e um cheiros. Em Alcântara, a ETAR domina levando os passageiros do 751 a fechar as janelas. No Terreiro do Paço, o som do rio atrai o som das máquinas fotográficas, ofuscado muitas vezes pela torre de babel de sons que saem da boca da imensidão de turistas que vem cheirar a maresia. Na Tapada da Ajuda, junto à subida das oliveiras que nos leva ao miradouro, um grande eucaliptal deixa-nos respirar natureza.

Mas não é só de cheiros que se faz Lisboa. Lisboa é feita de pessoas. Seja do agravel senhor que entrou no autocarro com uma anedota para cada passa, seja da recente mãe que vai ao mini preço de pijama, chinelos e rolos na cabeça. O misto de cultura, de opiniões, mas acima de tudo de convivência pacifica e agradável faz surgir um sentimento de saudade quando o rio fica muito distante da minha casa.

Lisboa tem liberdade... Tem eléctricos que nos levam para as ruas estreitas dos pequenos bairros, que mesmo estando inseridos na maior cidade do país, vivem como se fossem pequenas aldeias históricas. Lisboa tem uma rua de janelas verdes, à qual se liga uma rua de degraus, com janelas de várias cores, onde senhoras idosas regam plantas que foram propositadamente posicionadas ali, na calçada, para embelezar a sua rua.

Longe da beleza de todos os percursos turísticos, tão belos e encantados como qualquer outro, Lisboa tem os recantos que poucos conhecem, muitos dos quais que nem eu mesmo conheço, dignos do mais belo quadro ainda a ser pintado.

Que a calçada já gasta das ruas de Lisboa, continue a ser pisada, pois é digna disso...

sábado, setembro 03, 2011

Curtas

Ora uma breve nota sobre coisas breves:

- O blogger tem uma nova interface bastante apelativa (para quem tem blogues). Pena é terem adoptado o novo acordo ortográfico que se devia chamar TALP (Tratado que vem Assassinar a Língua Portuguesa)! Aviso desde já que não faço intenções de adoptar esse novo idioma patético >_<

- Comecei a fazer a lista de prendas que vou oferecer neste natal... Nunca tinha feito nada tão cedo. Agora só falta arranjar trabalho para arranjar dinheiro para começar a comprar. Ainda assim aposto que vou estar stressado quando chegar a altura e cheio de coisas para comprar (típico).

- A capacidade do google fazer coisas como devem ser é incrivelmente má... Este post teve de ser editado algumas de vezes porque o parvalhão do blogger decidiu-me comer os parágrafos. Com a crise que temos, qualquer dia teremos de cortar mais nisto... E já agora é fantástico o Chrome só considerar que "blogger" é erro na segunda vez que ele aparece escrito... Fantástico...

É tudo!

sexta-feira, setembro 02, 2011

- Apple

Quem me conhece sabe que eu detesto a Apple...

Eis um argumento a meu favor:
Vocês vão a uma loja, compram um telemóvel, chegam a casa e ligam o aparelho. Por qualquer razão não inseriram o cartão SIM, mas tudo bem, porque podem utilizar outras funcionalidades como a máquina fotográfica, o rádio, ...

Num iPhone não! Não há sim, não se liga o iPhone...

Detesto mesmo esta empresa... Se fossem plantar macieiras faziam melhor figura... >_<

domingo, agosto 28, 2011

Um mundo de Alphas em ascendência...

Vivemos num mundo competitivo. Toda a natureza é assim, apesar de raramente nos deixar ver essa faceta.

Sabe bem relaxar ao som de uma cascata longínqua, porém, à volta dessa cascata, toda a natureza, pelo menos aquela que é viva e que eu conheço melhor, está em luta. As plantas, no geral, lutam para terem mais um raio de sol que a sua vizinha, os animais por mais uma migalha de alimento, as bactérias, os vírus e muitos fungos por mais um hospedeiro que o alimente a custo reduzido, ...

A natureza está viva e compete. Aqui, quem não está pronto para lutar morre, aniquilado pelos seus vizinhos mais fortes.

A formação em biologia ensinou-me que estamos muito mais perto de seres selvagens pertencentes à natureza, do que aquilo que pensamos, ou que seria de desejar. Lembro-me hoje disto, porque vejo esta luta entre nós. Queremos ser mais engraçados que o outro, mais inteligentes, maiores (mesmo em termos físicos) e melhores no sentido geral. Aqueles que não lutam ou que apesar de lutarem não conseguem atingir os objectivos são friamente postos de lado. Somos selvagens para com nós mesmos!

Fico sem perceber qual o nosso lugar dentro dessa grande esfera natural. Se por um lado somos animais sociais, que dependem uns dos outros, e dependemos, por outro passamos todo o nosso tempo em luta. Provavelmente é essa mesma a ideia. A natureza procura a evolução e apesar de não desejar a perfeição, leva-nos a um óptimo ideal. Talvez a solução seja mesmo esta. A aniquilação dos menos aptos, ocorre nas nossas pequenas lutas, na escolha do perfume, nos óculos, no nosso carro, ou mesmo no gel de cabelo que usamos quando saímos de casa, para referir apenas as lutas que talvez seriam menos óbvias. Se calhar a natureza aproxima-nos para nós nos afastarmos, escolhendo quais os melhores e caminhando assim para o equilíbrio desta fisiologia natural.

Sou pelos mais fracos, pelos oprimidos e pelos renegados, talvez porque me sinto um deles, mas não me agrada ler esta sentença natural. Surge então uma outra dúvida: O que acontece a quem luta contra a corrente?

O mundo devia ser suficientemente grande para cabermos todos cá dentro...

sábado, agosto 27, 2011

1 ano

Hoje comemoro o meu primeiro ano de geocaching. Na verdade não faz hoje um ano que comecei a procurar os pequenos tesourinhos escondidos por aí. Hoje faz um ano que encontrei o meu primeiro tesourinho (ler post).

Ao fim de um ano de achados reconheço que o Geocaching fez algo em mim. Apesar de não ser um jogador nato e das minhas modestas 29 caches/ano estarem muito abaixo do que seria de esperar, sinto que estou um pouco diferente.

O Geocaching faz-me ir um pouco mais além. Procuro em mais uma pedra, atrás de mais uma árvore, vou mais fundo nos trilhos, ... Ontem foi a primeira vez que decidi não ir mais fundo, numa cache (Cave of Santa Margarida [GCA14F]), mas fica a promessa de lá voltar e ir quão fundo for necessário.

:)

segunda-feira, agosto 22, 2011

Líbia

A liberdade é um sentimento único e apesar de ainda haver muito para fazer, dou aqui os meus parabéns à Líbia... Esperemos que agora saibam desfrutar aquilo que conquistaram...

sábado, agosto 20, 2011

1º dia Mundial do Geocaching

Hoje comemora-se o 1º dia Mundial do Geocaching e eu estou em casa... a fazer correlação entre expressão de genes e qualidade de cortiça... Aff, tese malvada...

(ao menos está a chover... acho que escolhi um bom verão para escrever a tese :p)

sexta-feira, agosto 19, 2011

Bento XVI @ Madrid

Há pessoas que sempre que abrem a boca provocam reacções em mim...

No feed do Público, referente a uma noticia relativa à visita do tio Bento a Madrid, pode-se ler que «Bento XVI advertiu hoje sobre o que considerou serem os “abusos” de uma ciência “sem limites”, afirmando que quando se elimina toda a referência a Deus se pode chegar ao totalitarismo político. Pouco antes, o Papa tinha-se manifestado contra “o relativismo e a mediocridade”.»

Adorava começar por comentar a parte que se refere a uma "ciência sem limites", mas o artigo não define o que é ser "sem limites", porém, cego será aquele que acredita que a ciência se faz "sem limites". Apesar de responder a questões e necessidades do dia-a-dia, a ciência é feita por cientistas para cientistas e ofende-me o senhor ao considerar que eu não tenho capacidade intelectual para definir limites, considerando-me eu uma parte integrante da ciência.

Acho curioso o senhor considerar que sem referencia religiosas se chega ao totalitarismo politico, quando na idade média, a igreja tinha um poder total sobre a religião, saúde e politica dos diferentes reinos. Nenhum rei poderia em situação alguma contrariar uma posição do clero. Não deixa de ser irónico, mesmo aos dias de hoje, em que a igreja apesar de tantos seguidores elege soberanamente e o seu chefe, ou será que ele não é um totalitarista politico dentro do Vaticano (e infelizmente mesmo cá fora)? Porque razão quererá a igreja ter uma palavra a dizer em assuntos que não são da sua alçada? Não permito à minha vizinha que me venha cá a casa dizer em que pratos devo comer!

Aceito que o Papa se ache superior a todas as outras pessoas, já o mostrou em diversas ocasiões e agora voltou a afirma-lo. Até percebo o pobre desgraçado, porque na verdade não acredito que este tipo de pessoas (onde incluo por exemplo o Obama e outros afins) tenham plena consciência do mundo real, uma vez que vivem como que dentro de retomas, protegidos da verdadeira verdade (passo o pleonasmo) por todos os seus assessores. Ainda assim, quando temos uma posição prestigiante devemos ter muito cuidado com aquilo que dizemos. É muito fácil usar ouro e dizer-mos aos nossos súbitos que não aceitamos mediocridade. Tenho muita pena e sou sincero nisto, que ele não se lembre que a maioria dos seus seguidores são pessoas sem posses e que infelizmente têm de se contentar com aquilo que têm. E lamento imenso também, mas nem todos podem ser papas, da mesma forma que nem todos conseguimos ser bons, por mais que lutemos para ser melhores. Revejo neste discurso de Bento XVI mais mediocridade do que se tivesse sido um deficiente mental a fazê-lo, porque ao menos esse seria mais consciente daquilo que é. Ao fim e ao cabo, todos somos humanos!

quarta-feira, agosto 17, 2011

Pipocas com música

Estão sentados no cinema, a ver um filme (normalmente de época) onde um herói tem de levar algo de um sitio seguro até a um destino longínquo, onde pelo caminho imensos problemas podem acontecer. Na segunda metade do filme, haverá uma cena em que o plano é gravado de cima, vê-se no canto inferior esquerdo do ecrã o homem a aparecer de cavalo, acabado de subir a última montanha antes de atingir a meta. Nesta altura, a música que toca pelas colunas é assim como que majestosa, com uma orquestra brilhante e um coro de cortar a respiração.

Seja qual for este filme, desde que estes acontecimentos se encaixem, eu gostarei dele... Nem sempre tanto pelo filme em si ou pela história, mas pela música. Um grande épico de Hollywood tem sempre de ter uma grande orquestra com um majestoso coro.

segunda-feira, agosto 15, 2011

Lagoa de Valdera

Se logo depois de saimos da vila virarmos à direita, somos convidados a subir a ponte que passa por cima do caminho de ferro, após a qual, a descida tem de ser feita com a mão no travão para virarmos sem demoras à esquerda. Cerca de 100 metros depois, chegamos ao fim da estrada de alcatrão (que coincide, imagina-se, com o inicio da estrada de terra).

A partir daqui estamos no campo. Casas de campo, terrenos livres, cães a ladrar, ovelhas e vacas a pastar. Estamos a pouco mais de 1km do centro da vila, mas em pleno campo, tendo como banda sonora o som dos aspersores.

Várias curvas, contracurvas, mas sobretudo subidas e descidas, chegamos à estrada agreste que nos conduz a uma lagoa sem nome, baptizada pelos aventureiros da viagem. Aqui não há ovelhas, não há casas, não há aspersores. Aqui vemos a presença humana na linha do comboio atrás de nos, que apesar de passar pouco, passa depressa, tão depressa que arrepia, com o seu som ensurdecedor. Há ainda a vedação a marcar a propriedade de alguém, como se a propriedade fosse mais importante que a vista.

Ali ao fundo, pássaros banham-se na lagoa, descontraídos, neste recanto remoto, onde quase ninguém chega e onde quem passa, passa dentro de carruagens apressadas...

terça-feira, agosto 09, 2011

Colencionam-se gostos

Não sei há quanto tempo tenho facebook, mas fui acumulando vários Gostos em várias páginas. No início não percebia bem aquela coisa estranha e portanto "gostava" de tudo o que eu de facto gostava. Mas era apenas por isso mesmo, porque gostava do produto e não para receber publicidade atrás de publicidade no meu perfil.

Eu já "gostava" de tanta coisa, que nestes últimos tempos parecia que toda a gente tinha desaparecido do facebook, porque o mural quase só já apresentava publicidades a páginas.

Como gosto muito pouco de andar a ver publicidade gratuita, agora já "não gosto" de quase nada, a não ser duas ou três páginas que gosto mesmo e que quero mesmo receber publicidade... e do nada, as pessoas apareceram de novo no facebook... Yupi...

domingo, agosto 07, 2011

He is running

Hoje apercebi-me que a vida passa a correr. Não à muito tempo, estava sentado numa das salas do 1º andar do edifício C da Escola Secundária cá da terra, tendo pela frente a psicóloga educacional da escola. Num projector já velho, preto e vermelho, assentava-se um acetato cuja projecção revelava as diversas etapas do ensino português, desde a Escola Primária, até ao fim de um Doutoramento. Lembro-me de, com os meus 14 anos, pensar "bolas, até eu estar despachado disto e chegar lá ao topo vão ser precisos ainda imensos anos". De facto, estar no 9º ano é como estar a meio de uma escadaria.

Hoje estou a escrever a minha dissertação de mestrado, que será entregue, se tudo correr bem, dentro de menos de 2 meses. Está bem que não cheguei ainda ao topo, mas está tão quase...

sexta-feira, agosto 05, 2011

Siga...

Bem... mas lá trabalhar para amanha poder pensar em talvez fazer geocaching ou ir andar de bicicleta...

terça-feira, julho 26, 2011

Só mais um dia...

Há noites em que não me apetece ir dormir. Não é uma questão de não ter sono por estar ansioso com o que vou fazer no dia seguinte, mas sim de não queres que o dia seguinte chegue.

O dia de amanha vai ser tão grande e há tantas coisas que podem correr mal, que prefiro esticar ao máximo o dia de hoje, a ver se consigo saltar por cima do dia de amanha.

O mais estranho é que quando eu era mais novo, estava sempre ansioso para que as coisas chegassem... ter-me-ia deitado horas mais cedo que o costume, porque sabia que quanto mais depressa viessem os problemas, mais depressa saia deles. Uma das provas de que cresci é exactamente este conhecimento de que os problemas não são, de um todo, algo pelo qual devamos ansiar.

Tenho de continuar a concentrar-me na máxima: Depois da tempestade vem a bonança :s

domingo, julho 24, 2011

Carpe noctem

Confesso: Eu as vezes vejo os Morangos com Açúcar...

É bem verdade, e o caro e estimado leitor terá de o admitir, que as vezes sabe bem deitar-nos no sofá a ver algo sem que tenhamos de pensar... Sabe bem deixarmos a nossa mente abrir-se à estupidez para descansar, até porque e ao que tudo indica, durante o sono o nosso cérebro continua a trabalhar quase ao mesmo ritmo. Sabe bem deixar o cérebro dormir um pouco...

Mas, para adormecer o cérebro existem dezenas de canais de televisão, portanto esta não é a única razão para eu escolher aquela série. Nos Morangos com Açúcar é vivido um pouco daquilo que eu não vivo. Recordo-me do Sudeste TMN'07: Acordar as 10 ou 11 horas, porque o Sol teima em mostrar que é Agosto e porque a tenda reclama não estar à sombra; vestir o fato de banho, sem saber ainda o que se vai fazer o dia todo; cair em cada sombra de tanto sono acumulado; espreguiçar para afastar as dores causadas pelo chão duro da noite passada; dar uns mergulhos na água cheia de gente, mas acima de tudo, vestir uma roupa lavada, depois de um banho frio, para estarmos bonitos para uma noite de festa.

Apetece-me vestir-me bem para fazer algo em especial...

Como diriam os pacotes nicola: Hoje é um dos dias :)

The Return of the cacher

Enquanto pedalava em direcção ao destino, zangava-me comigo mesmo por ter tido a patética ideia de ir procurar aquelas duas caches... Mas a culpa do caminho ser difícil é deste tempo horrível, que apesar de estarmos no final de Julho, continuamos a sentir uma horrível ventania! Hirra!

Bem, duas pausas para descansar, procurar e loggar...
GC2Z3MP A Feira do Pinhal Novo
GC2W6Q1 Apeadeiro da Jardia

sábado, julho 16, 2011

Ir, mas para onde?

Apetece-me ir andar de bicicleta, mas tenho de ter tempo e um sitio para onde ir... Andar apenas porque sim, não me anda a parecer muito ... apelativo (?!). É incrível, porque conheço demasiadamente pouco aquilo que está à minha volta, mas parece tudo tão longe.

Será que um dia conseguirem fazer como aquelas pessoas que, apenas por desporto, fazem 40 kms apenas porque sim?

segunda-feira, julho 04, 2011

Guerra de irracionalidade

Não sei o que se passa... Reformulo: suspeito que sei o que se passa, mas não tenho a certeza. Passo a expor:

Estamos (caso ainda não tenham reparado) no Verão. Uma estação que em Portugal é especialmente crítica no que diz respeito a incêndios florestais. Alguém me explica qual a lógica da Optimus em criar um anúncio em que andam pessoas com as costas a arder? Será que o cérebro que criou aquele anúncio é assim tão mau que não se lembrou que todos os anos morrem pessoas em incêndios?

A Vodafone tem um anúncio em que um casal de pseudo-namorados é espiado numa praia por alguns amigos (?!) que tiram fotos e as divulgam nas redes sociais... A sério?!?!?! Estamos mesmo a incentivar as pessoas a invadir e a expor a privacidade alheia? "Hei malta, vamos todos publicar fotos de pessoas sem a autorização delas nas redes sociais... melhor, 'bora passar as férias do verão a espiar e divulgar tudo o que cada pessoa faz!" A vida privada é PRIVADA, tal como a expressão indica...

Livra, que este ano parece que a TMN é mesmo a única que se safa, e quem me conhece relativamente bem sabe que nem vou muito à bola com a TMN...

A febre de vender não se deveria sobrepor, de forma alguma à racionalidade. Tenho dito!

quinta-feira, junho 30, 2011

Dia Mundial dos Dias Mundiais


Ouvi dizer, e não consigo lembrar-me de onde nem quando de forma a confirmar a fonte, que existem mais "dias mundiais de" do que dias do ano. Isto significa que todos os dias temos algo para comemorar ou assinalar e que em muitos dos dias até temos mais do que um evento para comemorar.

Como sempre me ensinaram que cada caminho faz-se caminhando, aceito que cada passo possa ser curto, mas firme. Assim sendo, percebo, aceito e agrada-me, ver que muitas iniciativas têm um dia para que possam ser lembradas. Por exemplo, no dia 31 de Maio, assinala-se o Dia Mundial do não Fumador. Apesar de não se fazer ao longo de todo o ano o esforço suficiente para consciencializar a população que por muito bem que saiba acender um cigarro, perde-se muito, é óptimo que tenhamos pelo menos um dia, em que focamos nisto a nossa atenção.

Hoje, dia 30 de Junho, assinala-se o dia Mundial das Redes Sociais. Estamos a perder um dia para consciencializar a sociedade relativo a algo para o qual a sociedade está consciente. Sim, eu sei que as redes sociais estão a mudar muito a sociedade e que portanto podem ser consideradas importantes (aceito isto, apesar de não acreditar inteiramente nisto), mas é mesmo necessário um dia para isto?

Demorei apenas alguns segundos para encontrar uma lista de doenças raras (esta lista)... Não as contei porque são muitas, mas haverá um dia mundial para todas elas? Em vez de nos esforçarmos em divulgar uma rede social, não devíamos valorizar a saúde e o bem estar dos mais necessitados?

Hoje vou ver se descubro o que é a Miosite! Porque esta? Porque me apetece que seja esta!

sábado, junho 18, 2011

Alentejo!

Entre o Verão e o Inverno, a paisagem muda várias vezes. Uma mudança suave e gradual que é vista aos meus olhos como se fosse abrupta, visto que não percorro esta estrada frequentemente.

O verde que surge para dar as boas-vindas aos primeiros raios de Sol do ano, morre quando a água que caiu durante o Inverno é bebida até à última gota, num esforço memorável para que cada uma daquelas plantas que pinta a estrada se mantenha viva. A morte deixa um tonalidade acastanhada, entre o amarelo torrado das estevas e a terra serra. Quando as primeiras gotas de água tocam no solo poeirento, os sobreviventes renascem, mas o cinzento do céu não permite que o verde brilhe.

As cegonhas, assistem agora à nossa passagem, nos seus ninhos, em cima de postes altos, muitas delas já com a família formada. Pássaros namoram lá no alto, piando alto. No solo, se olharmos bem lá para longe, talvez vejamos um coelho a correr ao largo da estrada, onde passa o carro veloz.

No Alentejo, apesar de termos cidades, vilas, aldeias ou montes, com as condições básicas de vida para qualquer pessoa, podemos abrir a porta da casa e testemunhar, em directo, um autêntico thriller de sobrevivência, ao mesmo tempo que eu vejo recordações de uma infância longínqua...

Só falta mesmo a rede de telemóvel não falhar a cada curva da estrada...

sexta-feira, junho 10, 2011

A festa da irresponsabilidade

Tenho o simpático prazer de morar numa vila relativamente calma, nos arredores da grande cidade. Apesar de estarmos a pouco mais de 30 minutos da capital, podemos ser ainda confrontados com a agradável calma de um rebanho de ovelhas a passar de um pasto para o outro, muito perto do centro da vila, atrasando por vezes os nossos carros, quando rumamos a casa, no final do dia.

Há porém um momento em particular do ano, em que esta vila se torna o contrário absoluto. Durante cerca de uma semana, abrimos as portas e deixamos entrar milhares de visitantes dos arredores para virem às nossas festas. Por serem festas nas ruas da vila e a custo zero, sempre associadas ao feriado que se comemora hoje, recebemos sempre um mar de gente. Gosto de ver pela janela, o descampado em frente à minha casa cheio de carros. É um sinal de desenvolvimento e de progresso, mostrando-me que pelo menos uma vez por ano, este pequeno canto remoto é importante e especial.

Porém, onde há muita gente, há muita confusão. Perto da hora dos grandes nomes do cartaz subirem ao Palco, as regras de transito deixam de ser entendidas como regras para passarem a meras sugestões ignoradas, para aqueles que querem desesperadamente encontrar um lugar para deixar de lado o seu meio de transporte. A multidão sobe e desce a rua, a gritar para se sobrepor aos sons das músicas dos mais de 4 palcos que fazem a festa. Embrulhada entre a imensidão dos pavilhões de exposição a lojas e marcas que todos os anos ocupam as mesmas posições, a massa incógnita passeia-se esquecendo os seus problemas.

A entrada no Pátio Caramelo é sempre difícil, pois a passagem é curta e a multidão é mais que larga. Lá dentro, jovens dos 5 aos 50 reúnem-se em grupos. Os copos caem constantemente vazios das mãos para o chão...

No final de cada dia destas festas, o rasto é de bebidas entornadas, copos pisados, papeis amarrotados, garrafas de cerveja nos cantos, pessoas a urinar num canto algures, e toda mais uma cascata de coisas que o meu cérebro as vezes prefere nem me mostrar.

Adoro as festas, porque são um sinal de liberdade para mim, mas era tão bom que festa e respeito não fossem coisas tão distantes...

segunda-feira, abril 25, 2011

Romantismo protocolar

Aposto que, se não foram já limpas, as objectivas das câmaras que vão filmar o casamento do príncipe, vão ser! Estão vários olhos apontados para aquele que é, segundo uma amiga me disse há pouco, um grande acontecimento romântico.

Não percebo porque é que este casamento será romântico. Estamos a falar de toda uma cerimónia protocolar, onde tudo está definido até ao mais ridículo pormenor, de forma a que nada possa ser espontâneo. A simples e romântica expressão "I love you" não poderá ser sussurrada, porque aquelas pessoas que definiram os protocolos não o idealizaram!

O romantismo é espontâneo. É enviar uma mensagem escrita às 3 da manha, porque não conseguimos dormir e queremos companhia. É apanhar aquela flor que está no caminho e da-la à pessoa ao nosso lado para a ver sorrir. É combinar um encontro para amanha de manha, apenas porque um de nós não está bem.

E o verdadeiro amor é aquele que se sente... não tem de ser necessariamente aquele que se mostra...

terça-feira, março 22, 2011

Tapada's Secrets


Começou no Anfiteatro, uma aventura secreta pela Tapada da Ajuda (GC176CK). Um ano depois da primeira aventura, piso os degraus de pedra na companhia da Ana para procurar o tesouro antes desaparecido. Alheios à riqueza da pista que o anfiteatro esconde, um grupo de estudantes conversa distraído do outro lado. A procura começa, pela borda de trás, mas é um pouco mais abaixo, tapado por uma pedra que de revela o rolo com o pergaminho que irá desenhar este mapa. No terceiro dia de sol do ano, estamos no bom caminho.

No lago dos patos, já há algum tempo que não há patos. Algumas tampas saltam sob o olhar atento das tartarugas que se banham com os raios de sol e sobre o nadar elegante dos peixes que se vêm na água verde. Salta, sem muitas dificuldades a tampa certa para marcar mais um ponto no mapa do tesouro. A próxima paragem é o mar branco!

Tal como os patos não estão no sitio dos patos, a água já não enche o mar branco. Sem ser necessário um barco, lembramos-nos da dificuldade que é voltar à margem sem uma corda que nos puxe. O cenário é analisado e os cactos exóticos erradamente introduzidos na paisagem há anos fazem com que o acesso seja ainda mais complicado. Abrimos a caçada pelos trilhos ainda não desenhados. O mato é virgem mas nós progredimos, agarrados às árvores para não cair, colina abaixo. Arranhão aqui e ali... não importa: todas as aventuras deixam os seus arranhões. A descida está feita e estamos com pé onde um dia não teríamos. Seguimos as coordenadas do GPS e encontramos o X que assinala o caminho. Não é o X final, mas lá chegaremos.

Aproveitamos a brisa marinha que se faz sentir e que de marinha tem pouco e quando as energias estão renovadas, construímos a nossa canoa para sair da lagoa seca. Fica para trás o auditório e subimos pela avenida das oliveiras. Junto à reserva da natureza, um quarto ponto de passagem chama por nós. A vista continua agradável, como sempre foi e olho com desejo para a reserva onde a Natureza manda. Hoje não é dia de a ir explorar.

Por cima, por baixo ou ainda por mais baixo. Se no meio está a virtude, foi o meio que seguimos. Um cemitério de ciprestes vivos travava sistematicamente o nosso caminho, atribulado. Não é mato, mas também arranha. Nos arames estamos nós, sem saber o que procurar, onde procurar ou como procurar. Um cavalo relincha ao fundo a dizer "é aqui". Mesmo sem nos aperceber-mos ouvimos-o e não tarda a micro surge mesmo à vista. Esticam-se os braços para a alcançar e para a repousar. O mapa do tesouro está completo, portanto é hora de descer.

Não nos aventuramos pelas minas de água, que têm uma porta aberta, nem repousamos na geradora. Apenas uma paragem a meio do caminho para recuperar mais algumas forças e não tarda chegamos ao tapete verde que esconde o caminho. Todos os vestígios da presença dos piratas que esconderam o tesouro estão apagados, pelas plantas que quiseram tentar ali a sua sorte no mundo vivo. O lago está escuro, como sempre esteve, mas hoje sem caloiros a tomar banho. Ao fundo, para lá dos muros da Tapada da Ajuda, um rádio toca por uma janela aberta. Escondido, o tesouro acaba por se render e mostrar, não querendo que nós contenhamos mais a alegria de encontrar mais uma cache, e esta, uma excelente cache...

domingo, março 13, 2011

Missão: Sorrisos no Parque das Nações


É difícil assinalar a que horas o dia começou. Por um lado, o despertador tocou as 9h00, mas eu só me levantei as 9h30. O comboio só chegou à estação às 10h10, mas eram já umas 11h15 quando pus os pés no Parque das Nações.

Na mochila: Um inicio de uma constipação e 10 geocaches para procurar com a maior diversidade até ao momento (duas mistery, uma virtual, uma wherigo [tudo novidade para mim], uma multi e 5 clássicas).

Cerca de 3km em linha recta separavam a primeira da última cache, sendo percorridos mais 3 para que eu pudesse meter-me a caminho de volta a casa.

A missão: Espalhar caras contentes no Parque das Nações.

Foi no Passeio de Neptuno (GC2KB2P) que se abriram as hostes. Esta cache mostrou-me que o Parque das nações é afinal maior do que eu pensava e que uma coisinha grande pode ficar escondida numa coisinha pequena. Enquanto esperava que pudesse tirar a cache do local sem ser topado, pude aproveitar a calma da hora... Mas o que mais marca esta cache, foi ter contactado pela primeira vez, ao vivo, com um geocacher. Lá estava ele, no GZ no momento em que eu a ia devolver ao ninho. A sua 199ª cache, contrasta com a minha 10ª.

Ali ao lado e debaixo das primeiras gotas de água do dia, estava a Numb3rs [Lisboa] (GCTHFG). A pista foi tão clara que antes de chagar ao local, já estava a ver que ela estaria ali. O único problema era um muggle que não fugiu da chuva e que, a 3 passos de mim, mas de costas para a cache, gritava ao telemóvel, alheio a tudo o que fiz nas costas dele. Se ele não via por estar de costas, eu podia (e pude mesmo) levantar a tampa e recolher a cache. A segunda do dia estava feita e a chuva queria piorar...

O sitio d'A Cache do Gil (GC2K9R9) já tinha história antes do Geocaching. Foi neste local que comi a minha primeira sandes de Delicias do Mar, em plena Expo'98. Não contratando, as sandes de Delicias do Mar são as minhas preferidas e esta ficou também a ser a cache mais divertida do dia. A minha primeira Wherigo levou-me a reconhecer os recantos da Expo'98, convertida em Parque das Nações, abrindo as memórias já a ficarem apagadas. Acompanhando o Gil pelo parque, relembro os momentos vividos nos Jardins de Água, passeio via Ribeira das Naus ao antigo Pavilhão da Utopia, percorro os jardins Garcia da Horta, conheço a Docas , aprecio a magnitude da Torre Vasco da Gama e tenho mais uma cache feita. Uma interacção perfeita com o meio circundante! Uma cache fenomenal e que me põe à procura de mais Wherigos.

Todas as restantes caches foram feitas na companhia do Gil, que teve de concordar em fazer desvios ao seu caminho para me ajudar a procurar as restantes caches... Diga-se de passagem que até nem esteve mal.

Percorri diversas vezes o passeio com todas as bandeiras das diversas nações... Gosto de me sentir envolvido por aquela tão enorme diversidade cultural. A Picture your Flag [Lisboa] (GC8C23) foi só um pretexto para repetir o passeio. Estando a chover, preferi tirar uma foto ao placard com as informações necessárias em vez de as apontar num papel. Ve-se bem? Óptimo... Mais uma foto à nossa bandeira e siga viagem.

Gosto bastante dos Jardins da Gulbenkian, mas não conhecia nada sobre a história deste senhor. Este lamentável erro foi reparado pel'O "Senhor cinco por cento" - Calouste Gulbenkian (GC1YD7R). Com os trabalhos de casa feitos, dirijo-me ao local onde posso subir, mas o local não me deixa subir. Sigo junto ao edifício à procura de outra entrada. Isto não pode ser um bom presságio. Já estou a mais de 300 metros da cache, quando vejo por onde é que me posso meter "à altura". Encontro-me agora num jardim em pleno terraço/2º piso de uns prédios, onde posso controlar todas as pessoas que passam lá em baixo, sem que ninguém olhe para cima. Este jardim parece um pequeno Oásis selvagem em pleno Parque das Nações. Ninguém parece saber que isto existe. A cache propriamente dita deu luta e o sinal do GPS não parecia estabilizar. São vários os cantos, os recantos e os cantinhos em que ela podia estar. Ao fim e ao cabo, não está em nenhum canto, mas sim muito à vista e muito, muito bem camuflada. Hora de assinar de deixar o travel bug que tinha comigo... Boa viagem ;)

Enquanto comia a sandes que levei na mochila caminhei em direcção ao canto da música para aceitar o desafio lançado - Let's Play! [Lisboa] (GCR8WX). Aquela hora, As pessoas rumavam ao Vasco da Gama para almoçar, deixando o espaço livre para eu me divertir com alguns dos instrumentos musicais. Conto rapidamente os instrumentos e chego a um numero... Não, este não está na lista... conto e reconto, faço as contas, ponho em dúvida a minha capacidade de calculo mental e nada. Enquanto me afasto à próxima Geocache, penso que afinal... Sim, só pode ser assim. Nesta altura já estou demasiado longe e decido deixar esta para quando voltar. Grande erro! Algumas horas mais tarde o local estará cheio de gente e será impossível procurar a cache no local certo... Fica adiada.

Alguns metros acima (e pelo que tenho percebido, acima mesmo), a Vasco da Gama Tower (GC2KAMM) optou por não se revelar. O primeiro DNF do dia. Procurei e procurei, mas não estava mesmo a ver onde é que ela poderia estar, e continuo a não ver... O dia já vai com bastantes feitas e portanto não é muito mau se não achar algumas... A disposição mantêm-se lá em cima e a viagem é para continuar...

Foi n'O Pontão da Expo... (GC2MXJW) que encontrei mais uma. O local não estava propriamente agradável, com a água do Rio bem lá longe e sem nada de especial para observar. Foi apenas esperar que uma muggle acabasse os alongamentos da corrida, seguir a dica, loggar e continuar em frente.

É mais que certo que Vasco da Gama não gosta muito de mim. Depois de falhar a cache da torre, uma outra cache de tributo ao Navegador fez-se difícil (Vasco da Gama [Lisboa] - GC10YKD). Encontro-me num local onde as raízes das árvores fazem uma incrível dança sincronizada, entrelaçando-se umas nas outras, mostrando que a união faz a força. A união fez a força e incontáveis recantos, buracos e buraquinhos onde uma micro se podia esconder. Incontáveis, porque procurei em todos os que encontrei e em nenhum a cache decidiu pousar... Segundo DNF do dia, após mais de maia hora à procura em raízes de árvores...

A última Geocache do dia era a Toban (Parque das Nações) (GC2PPJP). Demorei algum tempo a perceber como é que iria conseguir chegar aquela cache, do ponto em que eu estava. Nesta altura já as pernas demoravam algum cansaço. Sempre em frente, pela lama, pela relva e pelos montes... Seja, estou cansado. Ao chegar ao local, um casal de geocachers e o seu cão estão a brincar com ela. Bem, posso ser muita coisa, mas parvo não e sento-me como quem não quer a coisa a espia-los... hm, então é ali que eles a esconderam ;) Quando eles se afastam, vários muggles se sentam nos bancos próximos. Não posso aproximar-me sem ser visto... Espero. O ultimo casal saiu, vou-me levantar e dirigir à cache... Espera! mau, o que fazem aqueles dois ciclistas que estão a chegar ali no chão? Ah, ok, mais uns que me passam à frente e vão procurar primeiro. Não patetas, é do outro lado, a dica é fácil! Desistiram e portanto é a minha vez, antes que chegue mais alguém. Ponho a mão... nada. Mau mau mau, eu vi! ponho a mão... nada! Ai ai ai >_< Ponho a mão... ahhh, está aqui :)

7/10 feitas, 2 DNF e uma desistência, no meu primeiro dia dedicado 100% ao Geocaching... Oh, quando é que posso ter outro assim? :)

domingo, março 06, 2011

BTT Ourique

Após 4 km a chafurdar na lama, está decidido, oficialmente, que detesto btt... Não é tão mais confortável andarmos em cima de um alcatrão suave e macio? Exacto!

sábado, fevereiro 26, 2011

Ai, o bicharoco...

Se é verdade (e és mesmo) que é raro postar, é raro andar de bike e é raro procurar caches, não é menos verdade que cada vez que faço qualquer uma destas coisas, me dá uma vontade enorme de a repetir. Não fosse esse o caso e não estaria aqui este post!

Então vá, um pouco de palha para fazer o post valer...

Por ontem ter ido geocacher, hoje estou com o geocache à flor da pele. Dentro de momentos, vou ter uma listinha para procurar e quem sabe se não é já para amanha. Bem, a bem ou a mal, a lista de próximas procuras será feita ou eu não me chamo MrBiogene (por acaso não chamo, mas isso dava conversa para outro post).

Entretanto, andei aqui a mexer e descobri coisas giras, uma delas foi que posso criar várias páginas e acabei por criar uma para meter lá dentro as caches que vou encontrando (-> see by yourself).

A ver se não fico tanto tempo sem postar coisas ou pelo menos a ver se agora aproveito que estou o bichinho bem vivo cá dentro... e tem mesmo de ser que há pessoas com registo muito mais recente e que já me passaram à frente >_<

Tenho dito!

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

As voltas pela baixa de Lisboa


O plano era simples. Sair do 15e no Cais do Sodré, onde ia procurar a primeira cache, passear até às colunas do cais, onde ia loggar a cache que já sabia onde estava, descansar à sobra dos edifícios da praça do comercio para o terceiro achado, subir à Sé para encontrar a quarta cache do dia e na descida recolher dados para uma quinta localização, que pelo andar da hora, ficaria para outro dia.

Bem, se contarmos bem, são apenas 4 logs e destes 2 foram feitos.

No primeiro eram tantas as pessoas no local, que ficou difícil encontrar o GZ. Fica agendada para quando o tempo não convidar pessoas a ver o rio... Sigo então, a pé, para desfrutar e via Ribeira das Naus...

No cais das colunas estava tanta gente que de certeza que toda a gente percebeu que eu tirei a cache do sítio. Pior foi quando a repus. O raio do sinal estava vermelho e estava mesmo uma tipa a olhar para mim, mas que eu só reparei quando já estava a descer do local... Azarix... De destacar o ambiente fantástico, com pessoas de várias culturas, o som calmo do mar e a musica de um musico de rua que costuma por ali passar...

Terceiro ponto de paragem a alguns metros... Sento-me junto à boca de incêndio à procura de uma cache que já foi reportada como desaparecida. Enquanto descanso e tiro algumas fotografias, vou olhado à procura de locais onde ela possa estar. Passo a mão e não há cache para ninguém. Sigo a viagem, uma vez que não vale a pena estar a perder muito mais tempo numa cache que pode ter desaparecido.

Já fiz o caminho até à Sé várias vezes, mas nunca com um tesouro fixo na cabeça. Ao chegar ao local, sou novamente confrontado com uma multidão de pessoas. Pior: uma senhora está ao telefone mesmo junto ao local da cache... Fica momentaneamente adiada.

Último ponto do plano previsto. Um pouco mais abaixo, no largo da Madalena, ponho-me a olhar para uma fachada de um edifício. As quatro colunas na parede confirmam que estou no local certo. É hora de procurar pelos números que o owner desta cache me manda procurar... achado... Tenho as coordenadas desta cache calculadas, mas ainda quero voltar aos pontos que deixei para trás e de qualquer das formas não estava previsto acabar esta... suba-se então de novo até à Sé.

O autocarro com os turistas estava mesmo a sair e não há sinal da chinesa ao telefone. Ao chegar ao GZ apercebo-me num casal de namorados a comer um gelado na escadaria da Sé e mesmo de frente para mim. Raios os partam! Bem, não há stress... Pouso a mala no chão em frente ao local onde suponho que a nanocache esteja escondida e sento-me na calçada mesmo ao lado. Enquanto finjo que mexo na mala, tenho um pequeno objecto na minha à espera do meu log... 2/4 feito e está na hora de ir para casa.

Caches (apenas as feitas):
As Colunas do Cais [Lisboa]
Catedral [Cristianismo]
Teatro [Olisipo] (não feita, mas com as coordenadas finais já obtidas)


Outras caches já feitas, mas para as quais não fiz post:
11/04/2010 N’Eggativo – [Pinhal N’Ovo]
30/01/2011 La Grange - P.Novo

* Na La Grande, recolhi um Travelbug (Love is...) Um pequeno objecto que percorre o mundo à procura do que é o amor para ti...

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Para onde foram as cartas?

Acredito que se um lugar nos marca, nos marcamos também esse lugar. Agora que penso a fundo na questão, lembro-me do professor António Palma Serafim, dizer numa das suas aulas, que todas as reacções têm uma reacção contrária. Físicas à parte, o meu irmão pediu-me, a vários quilómetros de distância, que folheasse o livro "Correspondência" de Eça de Queirós, que está no seu quarto aqui de casa... São listadas cartas trocadas para várias outras pessoas, sobre diversos temas, até porque o correspondente e o assunto não são importantes. O importante é a carta!

Ao folhear o livro à procura de uma carta em especifico, apercebi-me que falamos demasiado com toda a gente. Já ninguém abre uma carta (ou mesmo se preferirem um email) à espera de ver as novidades de alguém. Ficamos a saber que as batatas do farmville estão a precisar de ser regradas, que foi escolhido um sol como mod do dia, ou qualquer outra coisa do género.

Sou a favor da comunicação, mas estamos a comunicar tanto que se perde toda a magia de uma carta... uma simples carta, na qual um papel branco é tingido por uma linha de uma caneta, segundo o dançar de um pulso que quer contar algo que merece ficar imortalizado para a história...

Vá lá... Vamos abrir freneticamente a caixa do correio à espera daquela mensagem daquele alguém que está longe e vamos perder tardes inteiras, à sombra do alpendre a responder às cartas...

Por favor?...