quarta-feira, julho 31, 2013

Viajante de destinos ocos

Quem és tu, perseguidor de sonhos? Quem és tu, ó viajante caixeiro de mochila nas costas casadas, sem rumo e sem caminho? Não anseies por chegar ao destino que nem tu sabes qual é. Se te conduzes no sabor do vento, o teu porto de abrigo pode estar tão perto ou tão longe como o deserto que te matará de sede. És tu quem tem de calçar os sapatos e correr pela estrada. É a ti que é imposta a missão de construír a tua cabana junto à praia. O que esperas tu? Arregaça às mangas. Constrói algo mais que mesas para refeições rápidas. Constrói algo permanente. Pisa com força o chão que se ajoelha perante ti e marca para sempre a tua pegada num dos mundos que vivem para que tu possas vive-los.

segunda-feira, julho 29, 2013

Refugio

Apetece-me sair. Levantar-me da cadeira que se acomoda diante da mesa, que se quieta sob um chapéu de sol, em plena noite de Verão. Levantar-me do sofá que se instalou em frente da televisão, que se aviva com as cores do filme que é lido no leitor, que se adormeceu no móvel da sala. Apetece-me virar costas e sair. Deixar para trás quem quer ficar lá atrás. Deixar sentado quem sentado está. Deixar quem está onde quer estar. Apetece-me correr pela noite amena, voando na brisa suave que levanta, num sopro arrepiante, os pelos dos braços.

Apetece-me conduzir, no carro preto, a estrada coberta de alcatrão escuro, nesta noite de lua ausente, até à serra sombria que chama junto ao mar que negro está. Apetece-me pisar a areia e contemplar o escuro do rio, a ondular no sombrio areal deserto. Apetece-me unir-me aos meus pensamentos, sozinho, fechado nesse fluxo constante de ideias sem nexo, procurando um caminho que talvez não exista. Sinto-me morto e apetece-me reencontrar-me. Apetece-me saber qual o meu novo lugar na equação, mantendo-me num canto escuro. Sou um cobarde! Preso na minha caverna a olhar para a noite lá fora, de rabo entre as pernas. Com medo de sair de novo, acreditando que posso ser parte do que não sou.

domingo, julho 28, 2013

Oposição

Há aqueles que se calam e há aqueles que calados ou falando, atropelam os outros. Há uns que viram costas e se vão embora e outros há que se deixam ficar como se fosse impossível algo abalar a sua quietude.

Nunca estamos bem com os outros. Nunca aceitamos bem os outros. Ora professamos uma fé evangelizando os outros com uma cruz e uma espada, ora colonizamos povos tribais enforcando-os nos cabos do progresso tecnológico, ora invadimos aqueles cuja politica diverge da nossa. Somos perfeitos a errar e a falhar. Somos os melhores a ter uma opinião e a defende-la contra tudo e contra todos, sempre para erguer a nossa bandeira, qualquer que seja a raça, a nação, o país, a religião ou a ideologia que se inscreva na bandeira.

segunda-feira, julho 01, 2013

Só ficar

Não queres subir ao telhado, para abraçar a noite e contemplar as estrelas?

No calor do sopro do vento que arrefece a noite já amena, podes escutar, com prazer, o grito mudo da paz que se instala em ti. Vives paz sempre que te transformas em sorriso.

No fundo, o universo sabe retribuir-te aquilo que lha dás: um sorriso pelo conforto da paz, determinação por um mundo de árvores e esquilos, curiosidade por oceanos de água serenas e aves sonoras... e das-lhe amor em troca de amor e vida para senti-lo.