quinta-feira, junho 30, 2011

Dia Mundial dos Dias Mundiais


Ouvi dizer, e não consigo lembrar-me de onde nem quando de forma a confirmar a fonte, que existem mais "dias mundiais de" do que dias do ano. Isto significa que todos os dias temos algo para comemorar ou assinalar e que em muitos dos dias até temos mais do que um evento para comemorar.

Como sempre me ensinaram que cada caminho faz-se caminhando, aceito que cada passo possa ser curto, mas firme. Assim sendo, percebo, aceito e agrada-me, ver que muitas iniciativas têm um dia para que possam ser lembradas. Por exemplo, no dia 31 de Maio, assinala-se o Dia Mundial do não Fumador. Apesar de não se fazer ao longo de todo o ano o esforço suficiente para consciencializar a população que por muito bem que saiba acender um cigarro, perde-se muito, é óptimo que tenhamos pelo menos um dia, em que focamos nisto a nossa atenção.

Hoje, dia 30 de Junho, assinala-se o dia Mundial das Redes Sociais. Estamos a perder um dia para consciencializar a sociedade relativo a algo para o qual a sociedade está consciente. Sim, eu sei que as redes sociais estão a mudar muito a sociedade e que portanto podem ser consideradas importantes (aceito isto, apesar de não acreditar inteiramente nisto), mas é mesmo necessário um dia para isto?

Demorei apenas alguns segundos para encontrar uma lista de doenças raras (esta lista)... Não as contei porque são muitas, mas haverá um dia mundial para todas elas? Em vez de nos esforçarmos em divulgar uma rede social, não devíamos valorizar a saúde e o bem estar dos mais necessitados?

Hoje vou ver se descubro o que é a Miosite! Porque esta? Porque me apetece que seja esta!

sábado, junho 18, 2011

Alentejo!

Entre o Verão e o Inverno, a paisagem muda várias vezes. Uma mudança suave e gradual que é vista aos meus olhos como se fosse abrupta, visto que não percorro esta estrada frequentemente.

O verde que surge para dar as boas-vindas aos primeiros raios de Sol do ano, morre quando a água que caiu durante o Inverno é bebida até à última gota, num esforço memorável para que cada uma daquelas plantas que pinta a estrada se mantenha viva. A morte deixa um tonalidade acastanhada, entre o amarelo torrado das estevas e a terra serra. Quando as primeiras gotas de água tocam no solo poeirento, os sobreviventes renascem, mas o cinzento do céu não permite que o verde brilhe.

As cegonhas, assistem agora à nossa passagem, nos seus ninhos, em cima de postes altos, muitas delas já com a família formada. Pássaros namoram lá no alto, piando alto. No solo, se olharmos bem lá para longe, talvez vejamos um coelho a correr ao largo da estrada, onde passa o carro veloz.

No Alentejo, apesar de termos cidades, vilas, aldeias ou montes, com as condições básicas de vida para qualquer pessoa, podemos abrir a porta da casa e testemunhar, em directo, um autêntico thriller de sobrevivência, ao mesmo tempo que eu vejo recordações de uma infância longínqua...

Só falta mesmo a rede de telemóvel não falhar a cada curva da estrada...

sexta-feira, junho 10, 2011

A festa da irresponsabilidade

Tenho o simpático prazer de morar numa vila relativamente calma, nos arredores da grande cidade. Apesar de estarmos a pouco mais de 30 minutos da capital, podemos ser ainda confrontados com a agradável calma de um rebanho de ovelhas a passar de um pasto para o outro, muito perto do centro da vila, atrasando por vezes os nossos carros, quando rumamos a casa, no final do dia.

Há porém um momento em particular do ano, em que esta vila se torna o contrário absoluto. Durante cerca de uma semana, abrimos as portas e deixamos entrar milhares de visitantes dos arredores para virem às nossas festas. Por serem festas nas ruas da vila e a custo zero, sempre associadas ao feriado que se comemora hoje, recebemos sempre um mar de gente. Gosto de ver pela janela, o descampado em frente à minha casa cheio de carros. É um sinal de desenvolvimento e de progresso, mostrando-me que pelo menos uma vez por ano, este pequeno canto remoto é importante e especial.

Porém, onde há muita gente, há muita confusão. Perto da hora dos grandes nomes do cartaz subirem ao Palco, as regras de transito deixam de ser entendidas como regras para passarem a meras sugestões ignoradas, para aqueles que querem desesperadamente encontrar um lugar para deixar de lado o seu meio de transporte. A multidão sobe e desce a rua, a gritar para se sobrepor aos sons das músicas dos mais de 4 palcos que fazem a festa. Embrulhada entre a imensidão dos pavilhões de exposição a lojas e marcas que todos os anos ocupam as mesmas posições, a massa incógnita passeia-se esquecendo os seus problemas.

A entrada no Pátio Caramelo é sempre difícil, pois a passagem é curta e a multidão é mais que larga. Lá dentro, jovens dos 5 aos 50 reúnem-se em grupos. Os copos caem constantemente vazios das mãos para o chão...

No final de cada dia destas festas, o rasto é de bebidas entornadas, copos pisados, papeis amarrotados, garrafas de cerveja nos cantos, pessoas a urinar num canto algures, e toda mais uma cascata de coisas que o meu cérebro as vezes prefere nem me mostrar.

Adoro as festas, porque são um sinal de liberdade para mim, mas era tão bom que festa e respeito não fossem coisas tão distantes...