domingo, março 25, 2012

Miuda

Há temas que me levam a querer fazer um post. Algumas vezes, o post em si não é imediato e levo imenso tempo a pensar na melhor forma de por em linhas a ideia que chegou à cabeça. Outras vezes, parece que o post se constrói sozinho, num abrir e fechar de olhos, e que os meus dedos não são mais que uns meros figurantes neste processo. Este é um daqueles casos em que não estava previsto nenhum post, mas a circunstância a isto me obriga.

Estou a ouvir o álbum homónimo de Miúda. E pronto, o post é só isto, porque é daqueles casos, em que é preciso ouvir para saber o que está escrito. Se tiverem a oportunidade, ouçam o álbum todo.

quinta-feira, março 22, 2012

Manif.

Hoje foi mais um dia de greve, com mais uma manifestação e mais uma vez, confrontos em policia e manifestantes. Não estive lá, não vi e por isso não posso tomar partidos, coisa que vou tentar não fazer. Ainda assim não acredito que a polícia arranje problemas com a multidão, só porque sim. Acredito mesmo, que aquelas pessoas vão para os lugares das manifestações, muitas das vezes concordando com a posição destas, e que desejam realmente que aquela seja uma manifestação pacifica.

E dito isto, digo também que se já coisa que eu detesto é um policia!

terça-feira, março 13, 2012

Horizonte

A velhice é uma coisa perturbadora. Acarreta uma enorme dose de sabedoria, mas leva-nos por um declínio assustadoramente íngreme. A liberdade, a autonomia, o recato, ganhos ao longo de décadas e décadas de lutas pessoais e sociais, perdem-se, num abrir e fechar de olhos. Volta-se a pedir um copo de água, ajuda para ir à casa de banho, ou mesmo para deitar e levantar. Isto, apenas isto, porque por vezes ainda se tem a autonomia para levar o garfo à boca. Por vezes…

Não é melhor para quem assiste de fora. A boca que antes perguntava pelas coisas importantes, aquela que dizia as coisas carinhosas, mas também aquela que sabia dar instrução, passa a perguntar como vai a escola, muito depois do outro interlocutor ter acabado o ensino. Olha-se para uma televisão, para espairecer da conversa sem nexo, por sorte, na televisão cores vivas contrastarão com o luto da velhice e uma música há-de abafar o som ensurdecedor do relógio que roda na parede.

Nem todos podem ter alguém ao lado, quando se entra na fase descendente da vida. Aqueles que têm, se forem crentes, darão certamente graças a uma entidade superior e os que não forem, darão as mesmas graças a qualquer outra entidade. Agradece-se a ajuda prestada, quando a pessoa que partilhou o leito feliz, tem ainda força para navegar pelos dois. Egoísmo. Essa pessoa, também ela vai precisar de alguém que trate dela, que a acompanhe, e que a leve a atravessar a parede que separa a cama da casa de banho, a meio da noite. Essa pessoa que viu o esplendor e que se apaixonou por quem já não existe e mantém-se ali, ao lado, a ver, de mão atadas, à queda na monta russa em que se vive.

Tem final triste, este filme em que vivemos. E a verdade é que não é justo. Depois de tudo, todas as conquistas, não devíamos acabar assim. Somos heróis, que morramos como tal!

domingo, março 11, 2012

Alentejo

Este fim-de-semana fui ao Alentejo. Sempre que sou convidado para lá, surge na minha cabeça uma enorme inércia. No Alentejo o tempo parece que pára. Parece que nada acontece. E que nada vai acontecer. E que aquilo que já aconteceu, já lá foi, há muito tempo atrás.

Ainda assim, gosto muito do Alentejo. Aquele céu estrado, com aqueles grilos a fazerem banda sonora, é delicioso. Enquanto a lenha estala na fogueira ali ao lado, um cão ouve-se aqui na aldeia. Aqui sabemos que todos dormem (menos o cão, claro). Sente-se isso. Aqui há paz. Em cada inspiração, inspira-se paz.

Aqui há tempo para relaxar. Não há trabalho, porque a Internet móvel tem um sinal fraco e porque o telemóvel só funciona no topo do monte, junto ao portão que dá para o quintal.

Ah, a vontade que tenho de abrir a janela, saltar lá fora e ir contemplar a noite do Alentejo…