terça-feira, novembro 22, 2011

Uma história vaga

Não consigo ao certo contextualizar o acontecimento, mas sei que foi perto de Dezembro de 2001.

Numa cómoda cujo paradeiro já desconheço, aguardava uma aparelhagem que já quase não é ligada, que um CD fosse depositado em cima do tabuleiro próprio para CDs. Enquanto o tabuleiro recolhia, os olhos percorriam a lista de músicas à procura da música a ser tocada, ao mesmo tempo que a operadora chamava pelo pai. Ao pai, com o seu bigode de Astérix, foi perguntado se era possível ficar-se indiferente àquela música.

Na verdade é impossível não melhorar o astral quando se ouve a Aljubarrota dos Quinta do Bill.

Sou de um tempo em que depois de jantar, atravessávamos o rio, rumo a cascais só para se fazer serão na companhia de outra família. Sou de um tempo, em que, apenas porque sim, a família se reunia toda e que eu ficava muito triste sempre que chegava a hora de voltar para casa. Sou de um tempo em que corria escadas acima para ouvir histórias infantis, sentado no chão, com toda a atenção que me era possível.

Infelizmente, sou ainda do tempo em que uma voz muda chamou por quem a imaginou ouvir, fazendo com que tudo desse, aos poucos, porque as mudanças querem-se calmas, uma volta abismal. Dois anos são suficientes para muitas mudanças e para que se percam hábitos antigos. Triste é olhar para trás e recordar-me de momentos que ao olhar para o presente sei que nunca os voltarei a viver no futuro. Não só porque a criança que ouvia a história cresceu, mas porque ao subir as escadas já lá não está ninguém para a contar, e se estiver, não estará da mesma forma que estava antes.

A distância é tão grande como esticar o braço e chegar ao telemóvel que aguarda o meu toque em cima duma mesa, mas a inércia tem a distância de um continente.

(Suspiro) como o crescimento e a mudança doem...

Sem comentários:

Enviar um comentário