terça-feira, novembro 15, 2011

Senhor, não será melhor…?

Cada vez mais, a tecnologia vai tomando conta de nós, de uma forma tão peculiar que nem nos apercebemos de que estamos rodeados dela. As opiniões, como sempre e porque há gregos e troianos em qualquer assunto, dividem-se. Uns dizem que é bem-vinda e que nos ajuda, outros afirmam que nos estupidifica.

Sou do tempo em que não havia Internet, pelo menos, sou do tempo em que as pessoas comuns não tinham acesso a ela. Na primeira vez que naveguei na Internet, fui barrado de entrar no portal do SAPO porque em vez de http://www, escrevi apenas www. Foi um erro de iniciante, que actualmente já não é cometido. Qualquer browser sabe agora reconhecer estes erros e corrigi-los. Hoje, para entrar no portal do SAPO, não ponho http, não ponho www, nem sequer digo que é .pt: simplesmente escrevo sapo na barra de endereços e o meu navegador, navega (claro está) de forma quase inteligente neste mundo mágico para me transportar ao meu destino.

O mundo dos facilitismos não acaba aqui. Se o gigante Google antes me perguntava se eu não estava errado, agora assume que eu estou errado. Para pesquisar aquilo que quero pesquisar, tenho de lhe dizer, não amigo, não me enganei e era mesmo aquilo que eu queria procurar. Ele agora toma a iniciativa de alterar a minha pesquisa para me dar aquilo que ele “pensa” que eu quero. Pior do que ter um computador a assumir a minha vontade, é te-lo a adivinhar o que pretendo. Ao pesquisar no Google, ainda mal escrevemos uma letra e já ele adivinha a palavra. Com aquela palavra escrita, sugere frases completas. Pior ainda, está o iPhone, que opta constantemente por alterar as palavras escritas sempre que pressionamos a barra de espaços.

A ficção científica explorou por muitos anos a ideia de máquinas a controlar a humanidade. Não num extremismo tão elevado como aquele que é transmitido nos filmes, mas a verdade é que isto já se sente. A minha liberdade está a ser limitada por um motor de buscas ou um aparelho que decide, ou "pensa" que decide, o que eu quero ou não fazer, idealizando quais são as melhores páginas para mim, pondo para trás tudo o que lhe parece desnecessário. Acedo talvez, mais facilmente a informação relevante, mas primeiro tenho de convencer o computador que me deixe procurar o que efectivamente eu quero.

A sociedade não se pode reger por um facilitismo absoluto e incondicional, em que numa letra, o trabalho está feito. Como dizem os Quadrilha, que não haja mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, para que possamos viver e continuar a aprender, pois apenas com esforço é que se aprende.

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