Acredito que se um lugar nos marca, nos marcamos também esse lugar. Agora que penso a fundo na questão, lembro-me do professor António Palma Serafim, dizer numa das suas aulas, que todas as reacções têm uma reacção contrária. Físicas à parte, o meu irmão pediu-me, a vários quilómetros de distância, que folheasse o livro "Correspondência" de Eça de Queirós, que está no seu quarto aqui de casa... São listadas cartas trocadas para várias outras pessoas, sobre diversos temas, até porque o correspondente e o assunto não são importantes. O importante é a carta!
Ao folhear o livro à procura de uma carta em especifico, apercebi-me que falamos demasiado com toda a gente. Já ninguém abre uma carta (ou mesmo se preferirem um email) à espera de ver as novidades de alguém. Ficamos a saber que as batatas do farmville estão a precisar de ser regradas, que foi escolhido um sol como mod do dia, ou qualquer outra coisa do género.
Sou a favor da comunicação, mas estamos a comunicar tanto que se perde toda a magia de uma carta... uma simples carta, na qual um papel branco é tingido por uma linha de uma caneta, segundo o dançar de um pulso que quer contar algo que merece ficar imortalizado para a história...
Vá lá... Vamos abrir freneticamente a caixa do correio à espera daquela mensagem daquele alguém que está longe e vamos perder tardes inteiras, à sombra do alpendre a responder às cartas...
Por favor?...
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