segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Lume

O que é viver para além de cantarolar uma música, tendo como fundo uma guitarra um tanto ou quanto tímida, diante de uma fogueira improvisada, a céu aberto?

Viver é partilhar, não só bens, mas ideias e sentimentos. Viver, para nós, como animais sociais que somos, é entregarmos parte de nós próprios a outros... e receber de volta parte dessa pessoa. Estar vivo, é estar intimo com aqueles que juntos fazem de nós que somos. Viver é unir.

Não parece simples? Basta que nos aqueçamos o suficiente para ter a força que a fogueira requer antes de arder... e a lareira faz o resto. Pouco-a-pouco, a roda na fogueira vai-se alargando com pessoas que se vão querer juntar, e a distancia que aumenta cada vez mais até à fogueira não trás o frio, pelo contrário. O verdadeiro calor é trazido pelas pessoas. E à volta de cada fogueira deve existir apenas uma regra: Aceitar. Aceitar os outros que possam vir. Mas não é apenas aceitar, aquilo que queremos que faças quando te juntas. Queremos que aceites na totalidade e na plenitude do que a palavra aceitar implica. Aceita que a pessoa se sente ao teu lado... aceita que ela não se sente... aceita que a pessoa fale, pense e viva... aceita que a pessoa aceite... aceita que a pessoa se dê e aceita dares-te a ti... aceita-a na totalidade, como um todo que é, e como um todo que passarás a ser, e com toda a plenitude que compõe cada uma das partículas da visita recém-chegada.

E sempre que te apetecer levantar e sair, então levanta-te e sai, com a voz que quiseres, a proclamar a estrofe que assim entenderes, da música que mais desejares entoar. Foste aceite para ficar e para sair. Foste aceite para ficar e para voltar. Foste aceite para ficar e para nunca mais voltar. Foste aceite para que ao te levantares, sejas guiado pelos teus passos... e eu pessoalmente, desejo que os teus passos te guiem a um rio...

Sem comentários:

Enviar um comentário