sábado, março 16, 2013

Tatuagem

Todos os dias cruzamos-nos com outras pessoas. A maior parte desses encontros acidentais são com pessoas que nunca vimos e que provavelmente nunca iremos ver. Mas outros são o resultados de duas montanhas russas a chocarem uma contra outra. Nem sempre o choque é violento, mas por vezes... Por vezes é tão simples como o motorista do autocarro que nos conduz segunda-feira sim, quarta-feira não. Por vezes é um pouco mais forte, como o investigador de outro país que mais tarde descobrimos ter ferramentas úteis para o nosso projecto. E sem querer, de tempos a tempos, o choque é tão grande que paramos para olhar à nossa volta e ver os danos causados.

O velho que dá corda aos relógios incansáveis, tem a seu poder a capacidade de ir removendo os restos destes confrontos. Aos poucos, o metal retorcido criado com a pancada (pancada essa por vezes muito positiva), vai saindo de cena. Sempre aos poucos, parafuso a parafuso... Quando voltamos a levantar a cabeça de nós próprios para olharmos em volta, o cenário está limpo, como se nunca nada tivesse acontecido ali.

Efémera, a recordação desvanecesse. Ora porque a memória fracassou, ora porque o gira-discos já não toca discos, ora porque a cor da fotografia esbateu.

Como se marca uma pessoa? Como se faz com que uma pessoa se mantenha tão viva em nós, como nos nos mantemos vivos em nós mesmos? E como imprimimos essa vivência nos outros?

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