quarta-feira, março 06, 2013

Vamos lá pôr o ponto no i de Igreja.

Sou ateu! Como já dei a entender, comecei a fazer o crisma. Sentado numa cadeira ao lado de mais 84 pessoas, assisto aquilo que, pela cara de cada um, é um fascínio. Não para mim.

Fala-se muitas vezes que o crisma é o tornar-nos adultos na fé... é uma confirmação. Aceito e subscrevo ambas as definições. Na verdade, eu mesmo, ateu estou nesse percurso. Também eu estou conscientemente (adulto) a confirmar a minha fé. Mais que isso, estou a confirmar que não quero pertencer à igreja! Não quero. Mais do que ser ateu, sou alguém que decide (por pensamentos lógicos) não querer ser parte "daquilo". Mais do que ter fé ou não, eu não quero, nunca, pertencer ao mundo da igreja. Nunca! E este nunca é tão gritante que eu sei, porque sei, que se algum dia eu vier a sentir "fé", nunca será na igreja que eu encontrarei espaço para ela. Sei!

Assim, como ateu, consigo ler algumas coisas nas entrelinhas. À pergunta "porque sigo Deus?", surge muitas vezes a resposta "porque sou feliz". As idas à igreja devem acontecer mesmo que estejamos com preguiça, para não nos afastarmos, porque e voltando à ideia anterior, sem Deus ficamos infelizes. Pois bem, eu sou ateu, recuso-me a levar Deus seja para onde for, quando entro numa igreja entro contrariado e ainda assim considero-me muito feliz. Brutalmente feliz.

"Se me cruzar com uma pessoa e me der só a mim, que pobre é esse encontro. Porque não dar também um pouco de Deus?" Falta de confiança. Arrebatadora! Eu entrego-me a mim de alma e coração a quem eu penso merecer-me de alma e coração. "Que triste é aquele que só se entrega a si!" E que triste é aquele que não se considera suficiente!

"Posso levar Deus comigo para onde quer eu vá, espalhando bondade e sorrisos pelos outros". Ainda bem que eu não referi que sou ateu, se não criava-se certamente um círculo à minha volta com medo que eu contagiasse alguém. Também eu sou simpático e também eu tenho valores (já lá vamos), e consigo te-los por mim, e não por intermédio de ninguém. Disse um dos padres, que tudo o que vem de bom pela mão das pessoas, mesmo dos ateus, é obra do espírito santo. Que felicidade pode uma pessoa ter consigo, se acredita que nunca fez nada de bom por sua própria opção? Que cruéis somos todos! No fundo, todos somos terríveis e apenas fazemos cosias boas porque somos guiados. Ou então não!

Num dos almoços, na outra ponta do relvado, ouve-se dizer "eu voltei para a igreja porque o mundo em que vivemos não tem valores". Então eu, ateu, não tenho valores? Eu não sei o que é bom ou errado? Eu não sei o que é ajudar?

Tão cego é o cego é que não quer ver tal como tão lunático é o visionário que apenas ve!

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