quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Ajuda silenciosa

Quase como se fosse uma máxima, a máquina de Hollywood educa-nos que os bons samaritanos não são só aqueles que ajudam. Os verdadeiramente bons são aqueles que ajudam calados, no escuro do secretismo e no silencio do anonimato. Todos aqueles que procuram fazer o bem a outros, mas que de alguma forma fazem disso a sua Torre Eiffel, são mal vistos, olhados de lado, como se apenas tivessem tomado as suas ações em proveito próprio, pensando na publicidade que isso lhes daria.

O espírito está bem entranhado dentro de nós. Nós próprios acreditamos piamente nisto. No fundo, penso que ao acreditarmos que o bom samaritano tem de se manter no anonimato é um sinal claro de que não acreditamos em nós como sociedade. Somos todos um bocadinho como o Dr. House, da série de televisão com o mesmo nome. Para ele, uma boa ação, de tão estranho que é, tem de ser assimilada como um sintoma de que algo está mal. Todos nós vemos uma boa ação como uma tentativa de se alcançar algo, mesmo que não saibamos o que será esse "algo".

Muitos afirmam que a verdadeira recompensa de ajudar os outros é isso mesmo e que no fundo nos vamos sentir bem. Em minha casa, nunca recebi prendas por passar de ano, porque o passar de ano já era a recompensa do meu esforço, mas a verdade é que sentia aquela pontinha de ciúmes por ver os meus colegas com coisinhas novas, recebidas como uma recompensa extra do esforço. A valorização é demasiado importante para puder ser posta de lado.

Não é isso que avaliam os recursos humanos de diversas empresas? O nosso valor? Quanto é que valerá a nossa aquisição com um contrato de trabalho... é isso que eles ponderam! Se a valorização é tão importante, porque é que temos de ficar com ela só para nós? Porque não gritar ao mundo que eu ajudei? De facto fiz, com ou sem segundas intenções, fiz!

A melhor recompensa que se pode ter, seja naquilo que for, é o reconhecimento dos outros.

Sem comentários:

Enviar um comentário